"Viver é bom", proclamas

Como eu.

Por já não saber o que fazer dela, porque me parece tão vaga e tão vazia e porque nenhuma peça parece encaixar na perfeição no espaço vazio. E não sei o que quero, nem sei se quero alguém, não sei se já não quero, o ideal era não querer. Deixar-me estar sem vontade e sem desejo, porque me falta um sentimento único, puro e (principalmente) grande! Porque gostava de querer mesmo, querer sem dúvidas, querer muito, querer bem, querer sinceramente. Tenho um buraco no futuro e, sem vontade, deixo-o estar e crescer porque parece-me sempre que tentar preenche-lo há-de ser sempre pior, que nada vai ser como eu quero. E continuo sem forças para procurar a solução e continuo à espera que alguém ma dê, que ela caia do céu. No fundo sei que quem eu posso querer assim, incondicionalmente, nunca vai chegar, não vai voltar. Por isso tento manter morto esse desejo, porque sei que nunca sentirei que lhe sou querida assim. E não quero mais ninguém, por incapacidade. Eu queria mesmo era não ter que querer.

A contagem decrescente e a ansiedade por aquele que é o maior acontecimento do ano, para mim. Quando chega Outubro já estou a dizer que nunca mais é Setembro. Este fim-de-semana regressei a casa e as saudades que eu já tinha, dos cheiros, dos sons, das caras e das cores da minha Festa. Mais uma vez estivemos lá meses e meses a erguer o que se avizinha, a provar que somos a força que temos, contra tudo o que nos quiser derrubar. A provar que não precisamos que apoios exteriores, que com os nossos braços, a nossa convicção, amor e militancia levantamos aquele que é o maior evento politico e cultural deste país. Sem percebermos nada de serrararia, carpintaria ou decoração erguemos com imaginação e criatividade a Festa. Levantamos tubos, montamos estruturas, limpamos terreno, cortamos, pintamos e levantamos tábuas, varremos as ruas, sempre debaixo de um sol escaldante e estafante. Mas estamos lá PORQUE QUEREMOS, ano após anos, dia após dia, mostrando que o sonho comanda a vida! E aquela Festa é muito mais do que um enorme espaço politico, gastronómico, interventivo e cultural. A Festa do Avante! é sonho, sonho de todos nós que a construimos, é amor, amor pelo nosso partido, convicção nos nossos ideais e objectivos, confiança na nossa luta e na nossa presença interventiva e justa nesta sociedade.
Por isso a Festa é sonho, vontade, ideias, ideal, prazer, solidariedade, militância, levantar, construir, crescer, pano, tinta, madeira, ferro, arte, artistas operários, operários artistas, alegria, amor, esperança, é nossa, é liberdade, é um portugal melhor, a Festa somos nós!
Por isso é muito mais nossa que qualquer outra coisa, porque tem o nosso esforço e o nosso suor, tem as nossas mãos e os nossos olhos. Por isso estou lá, hoje e sempre e ninguém nos há-de tirar esta Festa. Tentaram-nos deixar sem terreno e nós conseguimos o nosso próprio espaço e todos os anos erguemos a Festa com as nossas próprias mãos, venha quem vier!

Se a Festa é Festa e se há Festa outra vez, é porque há gente, há povo, há Partido Comunista Português!